
Os latinos diziam dura lex sed lex (a lei é dura, mas é a lei). No caso da nova Lei da Nacionalidade, pode não ser bem assim. Em vez de forçar uma votação que já estava garantida, o Governo terá sido sensível aos argumentos do PS e aceitou que a proposta baixasse à comissão parlamentar para ser discutida na especialidade, antes de uma votação final. Foi uma forma de evitar, precisamente, que a acusação de José Luís Carneiro, feita mais pro forma do que outra coisa, tivesse (total) razão de ser: a de que, à primeira oportunidade, o Governo se tinha colocado nos braços do Chega. Mas as suspeitas de inconstitucionalidade também contribuíram para o recuo…
Fontes socialistas garantiram à VISÃO que José Luís Carneiro prefere “influenciar e, se possível, alterar esta lei” (muito mais restritiva) do que votar contra sem que isso “sirva para nada”, a não ser para a expressão de uma afirmação de princípio. O tom para o estilo de oposição está dado: o novo líder do PS não deixa de dizer o que tem a dizer – uma forte crítica ao Governo por fazer da Lei da Nacionalidade uma prioridade (seguindo a agenda do Chega) e propor um texto que vai muito ao encontro dos argumentos de André Ventura, mas, ao mesmo tempo, no Parlamento, tornar o PS relevante, numa oposição pela positiva, em que procura influenciar as principais decisões.