
“Há
quem encare a cegueira como se fosse algo incapacitante para tudo”, diz Ricardo
Miguel Teixeira, 43 anos. Perdeu a visão no olho esquerdo, aos 7, e do olho
direito, aos 18, depois de uma cirurgia ao glaucoma. “A intervenção correu bem,
mas fiz uma hemorragia grande no pós-operatório.” Ficou cego com a chegada da
maioridade, quando estava a terminar o secundário e “parou tudo”.
“Emocionalmente, não havia condições para nada, não aceitei propriamente a nova
realidade, e ir para uma associação de cegos não era algo que aceitasse”,
conta. Estava em negação e recusava usar bengala. “Sentia medo e, sobretudo,
vergonha. Fiquei um pouco bicho do mato.”