A partir de 30 de setembro, os consumidores poderão candidatar-se ao programa E-Lar, que oferece vouchers para substituir aparelhos a gás por versões elétricas. As famílias mais carenciadas poderão receber até 1.683 euros e os restantes consumidores até 1.100 euros.
O programa E-Lar prevê a atribuição de vouchers para trocar, por exemplo, esquentadores por termoacumuladores, fogões por placas elétricas ou fornos a gás por elétricos. Contudo, segundo a DECO PROTeste, as poupanças não são garantidas para todos os casos, e em algumas situações, a mudança pode até aumentar a fatura energética.
Termoacumuladores: nem sempre a opção mais eficiente
Uma das principais críticas ao programa é a substituição dos esquentadores a gás por termoacumuladores elétricos. Apesar de cumprirem o objetivo de reduzir as emissões diretas, estes aparelhos consomem mais energia e podem representar um custo mensal mais elevado, sobretudo se o gás utilizado for natural ou de botija.
Além disso, a opção mais eficiente do mercado — as bombas de calor — não está incluída no apoio, apesar de oferecerem um desempenho superior e menores custos a longo prazo.
Outro ponto a considerar é a capacidade dos termoacumuladores elegíveis, muitas vezes limitada a cerca de 30 litros, o que pode ser insuficiente para uma família média.
Placas elétricas: vantajosas apenas em alguns cenários
A troca de fogões a gás por placas elétricas pode ser vantajosa, mas depende do tipo de gás utilizado.
Se o fogão for alimentado por gás de botija, a mudança tende a compensar.
Já no caso do gás natural, a melhor alternativa são as placas de indução, que são mais eficientes do que as vitrocerâmicas, estas últimas com consumos geralmente mais elevados.
Fornos elétricos: mais económicos e ecológicos
No caso dos fornos, a troca parece mais simples. Em todos os cenários analisados pela DECO PROTeste, os modelos elétricos apresentam melhor desempenho, tanto em custos como em impacto ambiental, face aos fornos a gás, quer utilizem gás natural quer de botija.
Riscos e limitações do programa E-Lar
Apesar do objetivo positivo, o programa E-Lar levanta várias dúvidas e limitações que devem ser ponderadas antes de aderir:
- Cobertura territorial incerta
- ainda não é claro se haverá fornecedores aderentes em todo o país.
- Concorrência limitada
- o voucher só pode ser usado num fornecedor, o que pode reduzir opções e competitividade.
- Consumo potencialmente mais elevado
- ao incentivar a eletrificação, o programa pode aumentar o consumo total de energia em vez de o reduzir.
- Exclusão de tecnologias eficientes
- as bombas de calor ficam de fora, mesmo sendo a opção mais sustentável para aquecimento de água.
- Custos adicionais
- o encerramento de pontos de gás, a eventual necessidade de reforçar a instalação elétrica ou aumentar a potência contratada são despesas que recaem sobre o consumidor.
A decisão de aderir ao E-Lar deve ser bem ponderada. Em algumas situações — como a substituição de fornos ou de fogões a botija por placas elétricas — a troca pode ser vantajosa.
No entanto, em casos como a substituição de esquentadores por termoacumuladores, os custos adicionais e a menor eficiência podem anular os benefícios do apoio.