Um enorme tanque de combustível caiu do céu na Argentina. E já existe um suspeito: um foguetão chinês. A empresa privada China Rocket tinha lançado, um dia antes, a oitava missão do seu foguetão Jielong-3.
Um objeto resistente à reentrada
O objeto mede 1,70 metros de comprimento por 1,20 metros de diâmetro. É metálico, tem forma cilíndrica e está revestido de fibra de carbono ou de um material compósito semelhante, o que indica tratar-se de um tanque pressurizado de propelente, conhecido como Composite Overwrapped Pressure Vessel (COPV).
Quando satélites ou foguetões reentram na atmosfera, grande parte do material incinera-se devido à pressão.
Estes recipientes, no entanto, são projetados para resistir a pressões extremas, o que explica a sua sobrevivência, ainda que, pelas fotos, apresentem sinais de queimadura e desgaste.
A missão chinesa
Na quarta-feira, a China Rocket lançou a oitava missão do seu foguetão Jielong-3.
A missão Y8 partiu de uma plataforma marítima às 07:56 UTC com o objetivo de colocar em órbita 12 satélites da constelação Geely Future Mobility, dedicada a serviços de posicionamento e comunicações do gigante automóvel chinês Geely.
O problema da crescente “lixo espacial”
A China tem ganho notoriedade por deixar foguetões em órbita após cumprirem a missão, como no caso do CZ-5B, cuja etapa central de mais de 20 toneladas regressa à Terra de forma imprevisível.
Apesar de avanços para equipar foguetões com mecanismos ativos de desorbitação, a realidade é que o lixo espacial continua a aumentar. Atualmente, reentram na atmosfera, em média, três grandes fragmentos de destroços por dia, sem qualquer controlo.
Casos recentes incluem uma palete de baterias da ISS que atravessou o telhado de uma casa em março de 2024, fragmentos de um foguetão da SpaceX que caíram na Polónia e, em janeiro de 2025, um anel metálico de meia tonelada que surgiu no Quénia.
Agências espaciais como a ESA procuram agora impor regras mais rígidas e promover compromissos de “resíduos zero”, mas o desafio só pode ser enfrentado com um consenso global.