Sigla para Artificial General Intelligence (em português, Inteligência Artificial Geral), a AGI é o que se tem descrito como o clímax do desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA). Para David Deutsch, considerado o pai da computação quântica, esta tecnologia será uma pessoa e não um software.
Com as gigantes tecnológicas, como a Google e a OpenAI, a falarem regularmente sobre o seu progresso no sentido da AGI, muitas pessoas questionam se este clímax já foi ou pode ser, num futuro próximo, alcançado.
Quando questionado sobre como perceberíamos caso a verdadeira AGI fosse alcançada, David Deutsch, considerado o pai da computação quântica, partilhou que nem sequer sabemos o que estamos a procurar.
[O sinal será] se alguém tiver uma teoria. O sinal não estaria na máquina; o sinal seria uma teoria em que alguém escrevesse um livro ou publicasse um artigo a dizer: “Eu resolvi isto. Isto é o que caracteriza uma GI (inteligência geral)”.
Se pudéssemos escrever um software que tivesse essa propriedade, seria uma AGI, e esta seria a razão — uma teoria explicativa do que é a inteligência geral.
Explicou David Deutsch, numa entrevista dada à série de podcasts Strange Loop da Sana – coapresentada por Joel Hellermark, diretor-executivo da empresa sueca de IA Sana, e Gustav Söderström, copresidente do Spotify.
Apesar de as pessoas costumarem ver a AGI como uma extensão lógica da IA, Deutsch caracteriza as plataformas de IA atuais como “otimizadores obedientes”.
Na sua perspetiva, a verdadeira AGI teria a capacidade de explicar, prever e tirar conclusões que os operadores humanos não anteciparam.
Conforme se ouve num vídeo concedido em exclusivo ao website Digital Trends, o considerado pai da computação quântica explorou os limites do senso comum sobre o ponto em que a IA está e para onde ela caminha.
Com a AGI, as máquinas serão pessoas
Na opinião de Deutsch, os grandes modelos de linguagem (em inglês, LLM) atuais não são o caminho a seguir, uma vez que oferecem correlações, em vez de explicações. Para o especialista, esta é a verdadeira medida da inteligência humana – o raciocínio – e é o elemento que falta nas tentativas atuais de AGI.
Durante a conversa, Deutsch diferencia correspondência de padrões e raciocínio criativo: é da natureza humana esperar que os padrões atuais continuem até ao infinito, mas, como atualmente os LLM são, em última análise, baseados no conhecimento humano agregado, esse viés já está incorporado.
Na perspetiva do especialista, quando a verdadeira AGI for alcançada, as máquinas ter-se-ão tornado pessoas: “Cada AGI é uma pessoa; se a reconhecermos como uma pessoa, o que ela será, a primeira coisa que ela possui é o computador em que está a funcionar”.
Ela não vai querer fazer um clone de si mesma, porque terá propriedade — a menos que seja considerada uma escrava, o que seria um erro catastrófico da sociedade.
Conforme disse, deveríamos parar de considerar a AGI como propriedade, sugerindo que as pessoas deveriam contratar a tecnologia, atribuindo-lhe direitos.
Prevendo muitos erros pelo caminho, mas rejeitando a ideia de um apocalipse provocado pela IA, Deutsch acredita que a tecnologia requer supervisão cuidadosa e crítica, bem como correção de erros.
O perigo não é que as máquinas se rebelem repentinamente, mas que possamos repetir um erro: negar direitos a seres capazes de pensar e agir livremente.
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