
“As ruas de Buenos Aires / são já as minha entranhas.” Foram estes os primeiros versos do primeiro poema do primeiro livro que Jorge Luis Borges escreveu. E logo, dois versos à frente, ele diz que essas são as ruas do seu bairro, ruas “enternecidas de penumbra e de ocaso”, promessa para o solitário que ele é – prenúncio da solidão do futuro habitante da escuridão em que se converteria. Promessa, digo eu, de uma pátria de que aqueles versos quereriam erguer-se como bandeiras.