
É cantora, compositora e atriz. Define-se assim: múltipla. Apontada como uma das vozes mais versáteis da nova cena musical brasileira, Juliana Linhares é natural de Natal, no Rio Grande do Norte, e lançou o disco “Nordeste Ficção”, inspirada pelo livro “A Invenção do Nordeste”, de Durval Muniz de Albuquerque Júnior – obra que revela esse lugar ao mesmo tempo imaginário e real. O Nordeste vai muito além do estereótipo do “sertanejo sofredor, do vaqueiro heroico, da seca como destino”, tantas vezes reproduzido nas telenovelas. Juliana define-se também como artista potiguar – termo de origem tupi que significa “comedor de camarão”. Ela quer resgatar a sua ancestralidade e afirma mesmo que o futuro é ancestral. Diz que precisamos de voltar atrás, fazer as pazes com a natureza e reatar a ligação entre corpo e cabeça. “Antes, toda a gente dançava e cantava”, sublinha a cantora, que esteve em Portugal para participar no Festival Mimo, em Amarante. Interventiva nas redes sociais, assume-se como pessoa LGBT e receia o recuo no terreno dos direitos humanos e sociais. “O risco de retroceder está sempre à espreita”.