
João Cravinho nasceu a 19 de setembro de 1936 e faleceu a 16 de abril do corrente ano, sendo considerado uma das mais influentes figuras do Partido Socialista.
Com participações políticas nos Governos “temporários” do pós 25 de Abril de 1974, venceu mais espaço mediático com a criação do GEBEI (Grupo de Estudos Básicos de Economia Industrial) e como ministro do Planeamento e Administração do Território, no Governo de António Guterres.
Para honrar a memória de João Cravinho, a Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) realizou ontem um colóquio, desejo que o próprio já teria, de certo modo, confidenciado a José Reis, professor e antigo diretor da FEUC e amigo próximo de Cravinho.
«O João Craveiro tinha o desejo que, no ano em que celebrasse 90 anos, se fizessem várias ações formativas. Queremos fazer disso uma realidade e, simultaneamente, dar a conhecer a sua obra», avançou.
Como uma das pessoas mais centrais da discussão, Eduardo Ferro Rodrigues, economista e ex-presidente da Assembleia da República, revisitou a sua vivência com João Craveiro, lembrando as suas «características humanas». «Era um grande político e um grande Homem, era uma inspiração de coragem e uma pessoa modificadora», enumerou.
Lembrando alguns momentos de grande destaque da vida do ex-ministro, Ferro Rodrigues “destacou” a passagem pelo GEBEI, mas também outras vertentes de Cravinho. «Apresentou-se sempre como um grande europeísta, ainda antes de isso ser uma realidade para muitos, foi uma das caras mais importantes do GEBEI e lutou pela investigação na área da economia portuguesa», disse. A investigação efetuada após 1974 foi de grande relevo para Portugal e, antes da sua dissolução, o GEBEI já analisava problemas que ainda hoje se mantêm atuais.
«Cravinho tinha uma visão económica muito estruturada e evoluía constantemente, mas mantinha sempre um ponto de vista importante: a internacionalização», um tema que parece «ignorado» por várias economias, das quais se destacam as leis atuais dos Estados Unidos da América, afirmam José Reis e Eduardo Ferro Rodrigues.
Na sessão também esteve presente Gonçalo Marçal, aluno de doutoramento na FEUC, que procura estudar a obra de João Cravinho. «Existem muitas participações espalhadas por várias bibliografias, é difícil precisar quais têm “mão” de Craveiro.
Porém, é fácil entender que a sua visão económica estava à frente do seu tempo e que era uma pessoa dedicada a querer sempre aprender mais», indica o doutorando durante a sessão.