Europa discute novos apoios à Ucrânia e “muro de drones” para defender espaço aéreo

Os líderes da União Europeia reúnem-se esta quarta-feira, em Copenhaga, sob forte dispositivo de segurança, com a defesa aérea no centro da agenda. A proposta de criação de um “muro de drones” surge na sequência de sucessivas violações do espaço aéreo europeu, incluindo incursões que, na semana passada, obrigaram à interrupção temporária de seis aeroportos dinamarqueses.

O plano, avançado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prevê uma rede integrada de sensores e sistemas de interceção para detetar e neutralizar aeronaves não tripuladas hostis. Embora os pormenores técnicos e financeiros ainda não estejam definidos, a ideia conta com apoio declarado dos países bálticos e de várias capitais do leste europeu, que veem nos drones russos uma ameaça híbrida à segurança da região.

“Não podemos gastar milhões em mísseis para abater drones que custam apenas alguns milhares de euros”, disse Mark Rutte, secretário-geral da NATO, elogiando a proposta como “oportuna e necessária”.

A Alemanha alertou, porém, para os limites de execução. O ministro da Defesa, Boris Pistorius, admitiu a utilidade de reforçar a defesa contra drones, mas considerou que um projeto desta dimensão não se materializará antes de três a quatro anos.

As nações europeias compõem a maior parte da NATO, que no início deste ano concordou aumentar os gastos com defesa de 2% para 5% do produto interno bruto (PIB) até 2035, dada a ameaça contínua representada pela Rússia.

Além da defesa, os 27 vão discutir a proposta da Comissão para recorrer a ativos russos congelados na Europa e financiar um empréstimo de 140 mil milhões de euros à Ucrânia. Von der Leyen defendeu que uma decisão rápida poderia marcar “um ponto de viragem” na guerra, mas o plano enfrenta obstáculos jurídicos e reservas políticas. A Bélgica, que concentra grande parte dos ativos no sistema Euroclear, alerta que tal medida pode fragilizar a confiança internacional no euro como moeda de reserva.

De acordo com o plano da Comissão, Kiev reembolsaria o empréstimo se a Rússia pagasse uma indemnização à Ucrânia pela guerra. Mas as autoridades europeias afirmam que o plano levanta questões jurídicas e técnicas complexas que ainda precisam de ser esclarecidas.

«Estamos num momento em que uma ação decisiva da nossa parte pode levar a um ponto de viragem neste conflito», afirmou von der Leyen na terça-feira, citada pela Reuters.

Os líderes europeus prometeram aumentar a pressão sobre Moscovo, incluindo através de um 19.º pacote de sanções da UE que prevê a eliminação gradual das importações de gás natural liquefeito russo até ao início de 2027.

A cimeira decorre num clima de elevada tensão geopolítica, com vários países europeus a reportarem incidentes aéreos atribuídos a Moscovo – acusações rejeitadas pelo Kremlin. Perante o recuo da ajuda norte-americana, cresce a pressão para que a Europa assuma um papel mais decisivo, tanto no apoio militar a Kiev como na proteção do próprio espaço aéreo.