O custo de vida nas grandes cidades mundiais é uma preocupação crescente, combinando preços elevados de bens, serviços e, sobretudo, habitação. Um novo gráfico, baseado numa extensa base de dados, ilustra quais são as metrópoles mais caras para se viver atualmente.
O Índice Numbeo como barómetro global
Para decifrar o custo de vida em todo o mundo, muitos analistas recorrem ao Índice Numbeo.
Índice Numbeo
Trata-se de uma base de dados colaborativa que agrega preços de inúmeros itens, desde o arrendamento e bens essenciais a refeições em restaurantes e serviços. Com base nestas informações, a Numbeo cria rankings que permitem analisar quais as cidades onde viver exige um maior esforço financeiro.
A metodologia utiliza Nova Iorque como ponto de referência, atribuindo-lhe o valor base de 100 em todos os indicadores. Assim, se uma cidade apresentar um índice de 115 num determinado parâmetro, significa que é 15% mais cara do que Nova Iorque nesse aspeto.
Por outro lado, um índice de 85 indica que é 15% mais económica. Com base nestes dados, o portal Visual Capitalist desenvolveu um gráfico que demonstra de forma clara onde é mais caro viver.
As cidades mais caras para viver
No topo do ranking global, considerando o custo de vida geral e o arrendamento, encontramos Nova Iorque. A “Big Apple” estabelece-se como a cidade mais cara, com o preço de arrendamento de um apartamento de um quarto a variar entre os 1100 e os 4108 dólares, podendo um T3 alcançar os 8174 dólares.
Logo a seguir, surgem as cidades suíças de Zurique e Genebra, com um índice combinado (custo de vida + arrendamento) de 93,2 e 90,6, respetivamente. Isto significa que viver nestas cidades é aproximadamente 7% e 10% mais barato do que em Nova Iorque.
A quarta posição é ocupada por São Francisco (85,3), que se interpõe entre outras duas cidades suíças, Basileia (83,9) e Lausana (83,4), demonstrando a predominância da Suíça neste ranking.
O preço da habitação é, sem dúvida, um dos fatores mais determinantes no custo de vida de uma cidade. Quando se remove este fator da análise, a classificação sofre alterações drásticas. Neste cenário, Nova Iorque deixa de liderar a lista, descendo para a sétima posição.
A consistência é mantida pelas cidades suíças, que passam a dominar por completo o topo da tabela como as mais caras do mundo para viver. Zurique (112,54) assume a liderança, seguida de perto por Genebra (111,41), Basileia (110,71), Lausana (110,55) e Lugano (108,38).
Esta mudança evidencia que, embora a habitação seja cara na Suíça, são os bens e serviços do dia a dia que mais pesam na carteira dos seus habitantes.
E em Portugal? Onde se posicionam Lisboa e Porto?
Analisando a realidade portuguesa:
- Lisboa surge na 157.ª posição do ranking mundial que inclui o arrendamento, com um índice de 46,3;
- Já o Porto encontra-se na 207.ª posição, com um índice de 38,8.
Estes valores indicam que viver em Lisboa é 53,7% mais barato do que em Nova Iorque, enquanto o Porto é 61,2% mais acessível. Contudo, quando se exclui o arrendamento, a posição das cidades portuguesas no ranking global desce (205 e 225), o que demonstra o impacto significativo que o mercado imobiliário tem no custo de vida nacional.
Lisboa (índice de 51,5) e Porto (46,4) mostram ter um custo mais elevado em bens, transportes e serviços quando comparado com outras cidades com preços de arrendamento semelhantes.
Poder de compra local: o verdadeiro esforço para viver
Talvez o dado mais revelador da base de dados da Numbeo seja o Índice de Poder de Compra Local. Este indicador compara o salário médio de uma cidade com o seu custo de vida, usando novamente Nova Iorque como referência. O resultado mostra em que cidades os habitantes têm de fazer um menor esforço financeiro para adquirir bens e serviços.
Neste campo, os habitantes de Mannheim, na Alemanha, são os que desfrutam de uma maior folga financeira, com um índice de 198,64, o que significa que podem comprar quase o dobro dos bens e serviços que um nova-iorquino com o seu salário. As cidades suíças de Basileia (194,85), Berna (186,76) e Lausana (180,45) voltam a dominar o topo da tabela.
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