Elevador da Glória: Como os políticos lidam com a culpa

“Desde este lugar sem história / Até um lugar na História / Vão apenas dois minutos / No Elevador da Glória”, cantavam os Rádio Macau, em 1987, num dos temas mais icónicos da banda e numa época com poucos turistas em Lisboa. Na quarta-feira, 3 de setembro, nem dois minutos decorreram entre o momento em que um grupo de incautos passageiros, felizes e despreocupados, entrou na pitoresca carruagem do mais conhecido funicular de Lisboa e o instante da morte traiçoeira e violenta, numa amálgama de ferros retorcidos e fumegantes. “A cidade precisa de respostas!” A proclamação é de Carlos Moedas, ao anunciar um inquérito independente para apurar as razões – e as responsabilidades – do pavoroso acidente no Elevador da Glória, que custou a vida a 16 pessoas e feriu mais 18, cinco delas em estado grave. Mas a discussão sobre essas responsabilidades, incluindo políticas, ainda não chegou ao primeiro apeadeiro. Haverá um precedente que tem sido esquecido: há menos de um ano, uma das das carruagens do elevador terá descido quase desgovernada por várias dezenas de metros, provocando a queda dos passageiros, no interior.

Foto: Manuel Moura