Bolsas europeias com recuperação tímida. Juros voltam a agravar na Zona Euro após “sell-off”

“Sell-off” no mercado de dívida pressiona ações asiáticas. Europa aponta para recuperação

O “sell-off” de títulos de dívida soberana não se ficou apenas pela Europa e pelos EUA. Também na Ásia, esta quarta-feira, foi dia de os investidores venderem obrigações de longa data, com os juros a 30 anos japoneses a saltarem para os 3,255% – um valor nunca antes registado –, numa altura em que os mercados mostram preocupações em relação ao nível de endividamento e às projeções de crescimento económico dos países. O movimento de venda chegou ainda ao mercado acionista, com a maioria das praças da região a terminarem a sessão no vermelho. 

“A economia mundial parece estar a lidar relativamente bem com as tensões impostas pelas tarifas do Presidente [Donald] Trump. Isso está a reavivar as preocupações que muitos levantaram em 2024 sobre a possibilidade de as preocupações com a sustentabilidade da dívida impulsionarem os juros cada vez mais nos próximos anos”, começa por explicar Garfield Reynolds, analista da MLIV, à Bloomberg. “Este agravamento provavelmente vai limitar qualquer recuperação das ações, com os custos dos empréstimos a elevarem-se o suficiente para prejudicar as perspetivas das empresas”, acrescenta. 

Neste contexto, os japoneses Topix e Nikkei 225 encerraram a sessão desta quarta-feira em território negativo, com o primeiro a cair 1,14% e o segundo a ceder 0,92%. Além das preocupações com o endividamento do país, as ações do Japão estiveram ainda a ser pressionadas pela instabilidade política que a nação asiática tem enfrentado – com o primeiro-ministro Shigeru Ishiba a perder aliados no Governo. 

Pela China, o Hang Seng, de Hong Kong, desvalorizou 0,54% e o Shanghai Composite deslizou 1,04%, num dia marcado pelo discurso do Presidente Xi Jinping nas comemorações do 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. Apesar de Xi ter reafirmado a confiança no crescimento económico chinês e novos dados apontarem para a expansão do setor dos serviços do país, as preocupações globais em torno da sustentabilidade das contas públicas acabaram por manchar a China de vermelho. 

Nas restantes praças asiáticas, o australiano S&P/ASX 200 caiu 1,74%, isto apesar de o PIB do país ter acelerado mais do que o previsto no segundo trimestre do ano. Já o sul-coreano Kospi conseguiu escapar das perdas e avançar 0,26% esta quarta-feira. 

Na Europa, a negociação de futuros aponta para uma abertura no verde, num movimento de correção das perdas da sessão anterior. Tal como na Ásia, o mercado acionista esteve a ser pressionado por um disparo nos juros das dívidas soberanas, com a “yield” a 30 anos britânica a atingir o valor mais elevado do século.