E se todas as luzes do mundo fossem acesas ao mesmo tempo?

A eletricidade, uma forma de energia produzida a partir de muitos combustíveis diferentes, é praticamente indispensável, hoje em dia, sendo usada para iluminar casas, ruas e outros espaços, alimentar eletrodomésticos, aquecimento ou arrefecimento de ambientes, transporte, processos industriais, entre outros. Tendo em conta que a energia é fornecida conforme necessidade, o que aconteceria se todas as luzes do mundo fossem acesas ao mesmo tempo?



Para manter a rede estável, a eletricidade deve ser fornecida conforme a procura. Ou seja, quando alguém acende uma luz, consome energia da rede e um gerador deve alimentar imediatamente uma quantidade igual de energia na rede. Se o sistema ficar desequilibrado, mesmo que por alguns segundos, pode ocorrer um apagão.

Hoje em dia, as operadoras utilizam sensores e computadores sofisticados para monitorizar a procura de eletricidade, por forma a poderem ajustar a produção de energia, conforme necessário.

A procura total de energia, chamada carga, varia muito de hora para hora e de estação para estação.

Aumento modesto no consumo de energia, mas céu ficaria sem estrelas

Se todas as pessoas ligassem as luzes ao mesmo tempo, em todo o mundo, criar-se-ia uma procura enorme e repentina por eletricidade e, perante isso, as centrais elétricas teriam de aumentar a geração muito rapidamente para evitar uma falha no sistema.

Essas centrais, no entanto, respondem às mudanças na procura de maneiras diferentes, segundo explorou Harold Wallace, especialista em eletricidade e energia, e curador das coleções de eletricidade no Museu Nacional de História Americana.

Primeiro, as centrais a carvão e nucleares. Embora possam fornecer muita eletricidade em quase qualquer momento, se forem desligadas para manutenção ou apresentarem avarias, podem demorar muitas horas a voltar a funcionar. Além disso, respondem lentamente às alterações de carga.

Depois, as centrais elétricas, que queimam gás natural, e podem responder mais rapidamente às alterações de carga. Estas são normalmente as escolhidas para cobrir os períodos em que é necessária mais eletricidade.

Em terceiro lugar, as fontes de eletricidade renováveis, como energia solar, eólica e hidráulica, que produzem menos poluição, mas não são tão fáceis de controlar. Afinal, o vento nem sempre sopra na mesma velocidade e nem todos os dias são igualmente ensolarados na maioria dos sítios.

Os gestores da rede utilizam grandes baterias para suavizar o fluxo de energia à medida que a procura aumenta e diminui. Apesar disso, ainda não é possível armazenar eletricidade suficiente nas baterias para abastecer uma cidade inteira: estas seria muito caras e esgotar-se-iam muito rapidamente.

Perante as alternativas, se todos ligassem as luzes ao mesmo tempo, duas coisas funcionariam para evitar uma falha total do sistema:

  • Não existe uma rede elétrica mundial única. O facto de a maioria dos países ter a sua própria redes ou várias redes regionais torna improvável que as redes entrem em colapso ao mesmo tempo.
  • Nos últimos 20 anos, lâmpadas LED substituíram muitas lâmpadas elétricas mais antigas. Uma vez que funcionam de forma diferente dos modelos de lâmpadas anteriores e produzem muito mais luz por cada unidade de eletricidade, requerem muito menos energia da rede.

Por fim, se todas as pessoas no mundo acendessem as suas luzes ao mesmo tempo, veríamos um aumento modesto no consumo de energia, mas muito mais brilho no céu e, por isso, nenhuma estrela.