Saber os quilómetros reais de um carro usado pode ser difícil, mas há várias formas de o verificar e de detetar eventuais adulterações no odómetro.
Ao comprar um carro em segunda mão, um dos aspetos mais importantes a verificar é a quilometragem. O número de quilómetros influencia diretamente o preço, o desgaste e a vida útil do veículo. Segundo a carVertical, cerca de 2,3% dos carros verificados em Portugal no primeiro semestre de 2024 tinham a quilometragem manipulada
No entanto, a adulteração do odómetro — prática ilegal, mas ainda comum — pode levar muitos compradores a pagar mais por um carro que já percorreu muito mais do que aparenta. Felizmente, existem formas eficazes de descobrir a quilometragem real de um automóvel.
1) Consultar o histórico de inspeções oficiais
Em Portugal, todas as inspeções periódicas obrigatórias (IPO) registam a quilometragem do veículo. Ao consultar o histórico dessas inspeções, é possível verificar a evolução dos quilómetros ao longo dos anos.
Se os valores forem consistentes e aumentarem gradualmente, é um bom sinal.
A consulta pode ser feita através dos serviços online do IMT ou diretamente nos registos das IPO, bastando para isso conhecer a matrícula do carro.
2. Verificar o livro de revisões e as faturas de manutenção
Outro método fiável é analisar o livro de revisões e as faturas de serviços. Oficinas e concessionários registam a quilometragem sempre que o veículo é submetido a manutenção.
Se a evolução dos quilómetros nas faturas for coerente com o odómetro atual, é um bom indício. Se houver valores incoerentes ou se o livro tiver desaparecido sem explicação, desconfie.
Manter um histórico completo e organizado é um sinal de que o carro foi bem cuidado e que a quilometragem é provavelmente legítima.
3) Realizar um diagnóstico eletrónico
Mesmo que o odómetro tenha sido adulterado, muitos sistemas eletrónicos do veículo (como a centralina, o módulo ABS ou a caixa de velocidades) armazenam a quilometragem real. Oficinas especializadas conseguem aceder a esses dados através de ferramentas de diagnóstico OBD.
Este método é particularmente útil em carros mais recentes, onde a informação fica guardada em vários módulos e é mais difícil de falsificar em todos eles.
4) Avaliar o estado físico do carro
O desgaste geral do veículo deve ser coerente com os quilómetros indicados. Alguns sinais podem revelar um uso mais intensivo do que o que o contador sugere:
- Pedais e volante muito gastos em carros com “poucos quilómetros”
- Bancos afundados ou com desgaste excessivo
- Botões e manípulos com sinais de uso intenso
Embora este método seja mais subjetivo, é um bom complemento às verificações anteriores.
5) Consultar relatórios de histórico internacional
Se o carro for importado, é possível recorrer a plataformas especializadas, como CarVertical, AutoDNA ou Carfax, que fornecem relatórios detalhados sobre a quilometragem, acidentes registados e histórico de manutenção em vários países.
Estes relatórios são pagos, mas podem revelar adulterações e evitar surpresas desagradáveis.