China: Jornalista Zhang Zhan condenada de novo por acusações infundadas

23 Setembro 2025

  • Autoridades chinesas devem ser responsabilizadas por privar defensores dos direitos humanos da sua liberdade
  • “Condenação infundada de Zhang deve ser anulada” e jornalista “deve ser libertada imediatamente” — Sarah Brooks
  • Comunidade internacional deve utilizar influência para garantir libertação de pessoas detidas injustamente

A diretora da Amnistia Internacional na China, Sarah Brooks, reagiu às notícias da condenação da jornalista chinesa Zhang Zhan a quatro anos de prisão por “provocar conflitos e causar problemas”, afirmando que “esta segunda condenação de Zhang Zhan é uma traição à prioridade declarada da China de defender o Estado de direito”.

Sarah Brooks defendeu que, “tal como o advogado Yu Wensheng e tantos outros, o compromisso de Zhang com a defesa dos direitos humanos e a sua recusa consistente em permanecer em silêncio – mesmo após uma pena de prisão que colocou a sua saúde e a sua vida em risco – tornaram-na um alvo”.

“O compromisso de Zhang com a defesa dos direitos humanos e a sua recusa consistente em permanecer em silêncio – mesmo após uma pena de prisão que colocou a sua saúde e a sua vida em risco – tornaram-na um alvo”

Sarah Brooks

Para a diretora da AI na China, “até que as autoridades chinesas sejam pressionadas a alterar leis vagas e excessivamente amplas e sejam responsabilizadas por privar sistematicamente os defensores dos direitos humanos da sua liberdade, o futuro dos direitos humanos no país continua sombrio”.

A responsável acrescentou ainda que “a condenação infundada de Zhang deve ser anulada e ela deve ser libertada imediatamente. Enquanto aguarda a libertação, deve ter acesso a um advogado, à sua família e a cuidados de saúde adequados”.

Sarah Brooks reforçou também que “as autoridades chinesas devem pôr fim ao uso indevido, há décadas, da acusação criminal de ‘provocar conflitos e causar problemas’.  E a comunidade internacional, incluindo os parceiros bilaterais da China, deve dar prioridade, não apenas para pedir a libertação de Zhang e de outras pessoas detidas injustamente, mas também utilizar ativamente a sua influência para garantir que sejam libertadas”.

Contexto

A jornalista e ativista chinesa Zhang Zhan foi condenada por “provocar conflitos e causar problemas” e sentenciada a quatro anos de prisão após o julgamento, no passado dia 19 de setembro, no Tribunal Popular do Novo Distrito de Pudong.

Relatórios anteriores indicavam que Zhang entrou em greve de fome enquanto estava detida e mostrou sinais de ter sido alimentada à força. A sua família e advogado foram vítimas de assédio e intimidação por parte das autoridades e não podem partilhar informações detalhadas sobre a sua situação. Como resultado, muito pouco se sabe sobre o seu estado de saúde atual e outros aspetos do seu caso.

Zhang Zhan já havia sido presa pela mesma acusação por reportar os primeiros dias da pandemia de Covid-19 em Wuhan. Ex-advogada, viajou para Wuhan em fevereiro de 2020 para fornecer informações sobre o que estava a acontecer no terreno. Postou nas redes sociais sobre como as autoridades governamentais haviam detido repórteres independentes e assediado famílias de pacientes com Covid-19.

Zhang Zhan desapareceu em Wuhan, em maio de 2020. Mais tarde, soube-se que tinha sido levada pelas autoridades chinesas e detida em Xangai, onde foi condenada por “provocar conflitos e causar problemas” após um julgamento simulado. Zhang Zhan foi libertada a 13 de maio de 2024, após cumprir uma pena de quatro anos de prisão.

Zhang Zhan desapareceu em Wuhan, em maio de 2020. Mais tarde, soube-se que tinha sido levada pelas autoridades chinesas e detida em Xangai, onde foi condenada por “provocar conflitos e causar problemas” após um julgamento simulado.

No entanto, após a sua libertação, foi sujeita a vigilância rigorosa e assédio contínuo por parte das autoridades, tendo sido detida novamente menos de quatro meses depois. A sua detenção ocorreu pouco depois de ter viajado para a província de Gansu, no noroeste do país, para mostrar solidariedade com outros defensores dos direitos humanos.

Durante a sua prisão anterior, entrou em greve de fome, o que levou a várias hospitalizações e a uma perda drástica de peso, ficando com apenas 37 kg — metade do que pesava antes de ser privada da sua liberdade.