No pináculo do mercado automóvel, a personalização de modelos de série já não é suficiente para os clientes mais exigentes, que procuram a derradeira exclusividade. Atenta a esta procura, a Bugatti lançou um novo programa para criar veículos que são verdadeiras obras de arte, irrepetíveis e concebidas de raiz.
A febre dos “one-off”
A indústria automóvel de luxo sempre baseou grande parte do seu modelo de negócio na contenção da oferta, de forma a preservar o valor dos seus veículos, tanto os novos como os que já circulam no mercado. Por isso, não surpreende que os fabricantes estejam a elevar a fasquia.
Se antes a aposta era em opções de personalização únicas ou edições limitadas, a nova tendência é criar automóveis totalmente exclusivos, concebidos do zero.
Este fenómeno de personalização extrema tornou-se um negócio extremamente lucrativo. A Rolls-Royce, por exemplo, permite que os seus clientes encomendem componentes feitos à medida, um sucesso que levou a marca britânica a expandir a sua fábrica para dar resposta à crescente procura.
Na mesma onda, a Bugatti revelou que os seus clientes investem, em média, 500.000 euros em extras e personalizações, um valor que, em muitos casos, pode superar o preço do próprio modelo base.
A Ferrari e a Lamborghini também não ignoram esta tendência, permitindo um nível de personalização ao mais pequeno detalhe nos seus modelos de produção. Contudo, para um círculo muito restrito de ultrarricos, isto já não chega.
A sua nova exigência são os chamados “one-off”: automóveis únicos que nunca entram numa linha de produção, tornando-se peças de coleção instantâneas e altamente cobiçadas.
Bugatti Brouillard: a estreia do programa Solitaire
Seguindo os passos de outras marcas, como a Lamborghini com os seus projetos “Opera Unica”, a Bugatti apresentou o seu próprio departamento de criações exclusivas: o Programa Solitaire. A primeira obra-prima a sair é o Bugatti Brouillard, um hiperdesportivo avaliado em mais de 30 milhões de dólares (cerca de 26 milhões de euros).
Este programa foi desenhado para proporcionar ao cliente uma experiência “direta”, na qual este participa ativamente no desenvolvimento de um objeto com um enorme valor artístico e de engenharia, e não apenas na compra de um carro.
O Bugatti Brouillard está equipado com o já lendário motor W16 de 1600 cv e quatro turbocompressores, o mesmo que equipa modelos como o Chiron e o Mistral. A sua construção combina materiais nobres como o alumínio e a fibra de carbono, o que otimiza a rigidez estrutural ao mesmo tempo que reduz o peso total.
O seu design parte da base do Bugatti Mistral, mas introduz elementos completamente originais que o distinguem: linhas de LED horizontais na dianteira, um para-choques escurecido e uma traseira dominada pela inscrição iluminada “Bugatti” entre farolins em forma de seta. O tejadilho fixo em vidro, com a icónica espinha central da marca, reforça a sua identidade única.
Cada pormenor do Brouillard foi pensado para reforçar a ideia de que se trata de uma peça irrepetível. O interior é uma fusão de materiais como fibra de carbono em tom verde, alumínio e pele com detalhes em padrão tartan. Os bancos não são de série; são moldados de acordo com as medidas e preferências do cliente.
Com um custo desta magnitude, a Bugatti planeia produzir apenas duas criações exclusivas como o Brouillard por ano, garantindo que o Programa Solitaire se mantém como o expoente máximo da exclusividade automóvel.
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